sexta-feira, 22 de abril de 2011

AVE, CUMPADE...




O pintor, ator, escultor, fotógrafo e meu “cumpade”, Raimundo Carvalho, mostrará ao mundo a sua “Poética do feio”. Está agendada para novembro deste ano, na Filadelfia, Estados Unidos, a The Philadelphia International Art Expo, na October Gallery, sua primeira exposição internacional. Os bons ventos sopraram no meu ouvido que o talentoso amigo estará em Paris, em setembro. Axé, mano véio, depois de tantos anos, enfim, o reconhecimento: você merece ! De  Teofilândia para o mundo !


O ANDARILHO E A ESTRADA

Raimundo, lembrou Drummond,
É nome sonoro e bom
A quem tivesse o profundo
Gosto de virar o mundo,
Andando em vasto caminho.
Não sei se homem sozinho
Mas que fosse viajante,
Tendo o sabor do distante
Preso na língua e no olhar.

Raimundo, se fosse taura,
Mal o dia abrisse a aura,
Encilharia o tordilho,
Ordenando aos que ficassem
Que não fossem, nem chorassem
Impedindo o seu destino
De Raimundo e andarilho.

Diria: “me chamo trilho,
Nasci talhado pros ventos,
O mundo está no meu nome,
Tenho fome de caminhos.
Parado, não sinto o vinho,
Parece que nada passa.
Quero a roda que não cessa
Feito o dia que começa,
Quero dizer a que vim,
Sou Raimundo e vejo o mundo
Inscrito dentro de mim.”

Raimundo, então, sumiria,
Seria um ponto na estrada
E uma lágrima prateada
Sobre os olhos da família.
Seria na mesa grande
Uma cadeira vazia,
Talher e prato sobrando.

Mas pouco a pouco, Raimundo,
No peito de quem chorara
Seria mágoa sarando.
Afinal, quem tem o mundo
Saltando dentro do nome
Tem a grande, infinda fome,
De trocar céu e pousada.

Quem tem nome de Raimundo,
Nasceu para ser estrada.

Juarez Machado de Farias

Nenhum comentário:

Postar um comentário